O estagiário cara de cu e o poder do networking
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O estagiário cara de cu e o poder do networking


Ontem estive em uma repartição pública e fui inicialmente atendido por um estagiário.

Fazendo cara de cu e dando respostas monossilábicas, ele não soube dar a informação que eu precisava. Aliás, ele parecia não ter dedicado um neurônio sequer para captar o que eu estava dizendo, para você ver o nível de desinteresse que ele demonstrava naquele momento.

Pedi para falar com o responsável pela repartição, que é um amigo de longa data, e só assim consegui ser atendido com alguma decência.

Depois disso eu fui embora com um sentimento de nostalgia.

"Nostalgiei" pois há aproximadamente seis anos atrás eu era estagiário naquela mesmíssima repartição e ocupava a função de atendimento ao público que o moleque monossilábico desempenhou tão porcamente.

Naquela época eu era estudante universitário e temia fortemente pelo meu futuro profissional, por motivos que não vem ao caso nesse post. 

Na condição de estagiário daquela repartição eu adotei uma estratégia bastante ousada e impopular no serviço público: atender bem ao público e realmente tentar resolver os problemas das pessoas com rapidez e eficiência.

Os funcionários da repartição me adoravam pois eu os livrava do trabalho de atendimento que eles tanto abominavam; os demais estagiários da minha época me achavam trouxa por eu trabalhar bem mais do que eu estava obrigado; e o público finalmente conheceu alguém "do outro lado do balcão" que estava verdadeiramente disposto a ajudar.

Agindo dessa forma eu aprendi muito, além de ter criado um bom relacionamento com o público - composto em sua maioria por empresários que desempenhavam a mesmíssima atividade que eu pretendia exercer quando me formasse.

Meu raciocínio era simples: pagando de garoto prodígio em vez de ser mais um estagiário carimbador de papel que ficava na fundo da repartição rezando para dar a hora de ir embora, eu chamaria a atenção dos empresários que iam constantemente na repartição e pelo menos um deles iria querer me contratar quanto eu saísse da universidade, de modo que eu não estaria fadado ao desemprego.

Depois de dois anos trabalhando ali eu concluí a graduação e espalhei aos quatro ventos que meus dias de estagiário estavam contados e que eu estava caminhando rumo ao desemprego.

Um empresário estrangeiro que na época era bem de vida e hoje está muito rico, com direito a negrito e sublinhado de tão rico que ele está, disse que estava só esperando eu formar para conversar comigo, e quis marcar uma entrevista na empresa dele.

Um outro cara que ia muito na repartição, presidente da Associação de Empresários de um município vizinho, disse que precisava de mim na associação e me fez uma oferta de emprego.

Outro chamou pra ser sócio na empresa que ele estava abrindo com mais duas pessoas, e essa era a proposta que apresentava mais perspectiva de enriquecimento na época, então aceitei. 

Terminar a graduação recebendo três propostas de trabalho não é algo comum, mas aconteceu comigo pois descobri precocemente a importância do networking.
Vocês que acompanham o blog sabem que não sou rico, tenho um patrimônio "série C", mas também não estou mal, pago as contas numa boa e em 2015 aportei em média R$ 3 mil/mês, algo muito positivo se considerarmos que a empresa é relativamente nova.

Acredito muito no potencial da empresa e creio que por meio dela poderei alcançar a IF, mas sei que isso passa necessariamente pela continuidade do networking e consequente aumento de nossa visibilidade. 

Fiquei pensando no estagiário cara de cu pois a oportunidade que eu tive ainda está ali, agora nas mãos dele, e ele simplesmente não enxerga isso. Azar o dele. O mercado, que na minha época de estudante não era fácil, hoje está pior do que nunca.

O bom relacionamento criado nos tempos de estágio ainda me permitiu conseguir um contrato de R$ 100 mil para a minha empresa num momento em que a gente estava precisando muito de caixa, e em outra ocasião recebi R$ 5 mil de comissão por ter aproximado dois empresários que não se conheciam (um queria vender empilhadeiras usadas e o outro queria comprar).

Sei que tem leitores do blog que ainda estão na faculdade, então gostaria de dar alguns conselhos:

- No ambiente universitário há a falsa sensação de que basta boas notas para se ter sucesso na vida.
- A verdade é que dificilmente alguém vai chegar em você do nada e falar "uau, belas notas! está contratado!"
- O networking é tão importante quanto o conhecimento técnico.
- Aliás, os nomes mais famosos da minha área de atuação estão ricos mais por conta do networking do que pela capacidade técnica propriamente dita (constantemente fuço o trabalho deles e é medíocre, não digo ruim, apenas medíocre).
- Comece a fazer sua rede de relacionamentos desde cedo. Encontre um estágio que possa te colocar em evidência perante várias pessoas. Se você conseguir um estágio tal qual o descrito neste post, atenda bem as pessoas, diga que vai resolver o problema delas, pegue o número delas para contato, telefone dizendo "problema resolvido!". Alguns não vão dar a mínima pro seu esforço, outros lembrarão de você com bons olhos.

Abraço!



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