Nos bastidores do empreendedorismo fofo
Dinheiro e Negócios

Nos bastidores do empreendedorismo fofo


Hemorróidas cresceram no meu cérebro depois que assisti o vídeo abaixo:


Pra você que por qualquer motivo que seja não pode ou não quer assistir o vídeo, vou resumi-lo:

O cara basicamente diz que empreender é não se conformar com injustiças, é você se apaixonar pela oportunidade de encontrar problemas e solucioná-los, que o empreendedorismo atual não é mais pelo dinheiro, mas sim uma missão e um propósito, que o dinheiro é só um meio, e que o fim é gerar valor para a sociedade.

Enfim, a mensagem que o cara se propõe a passar no vídeo pode ser resumida da seguinte forma: empreender pelo dinheiro é coisa do passado, o negócio agora é empreender por um mundo melhor.

Como me sinto toda vez que ouço esse papo
Provavelmente vocês já ouviram antes esse discurso do "empreender por um mundo melhor". Eu não sei se esse discurso tem um nome próprio, então aqui neste post vou chamá-lo de empreendedorismo fofo, pois você há de convir comigo que é um papo bem bonito.

O discurso do empreendedorismo fofo em regra é propagado por três grupos de pessoas:

O primeiro grupo é constituído pelos empreendedores de sucesso que, só depois que ganharam rios de dinheiro, adotaram o discurso de "fazer a diferença no mundo", e agem como se mudar o mundo fosse seu objetivo principal desde o começo de suas trajetórias.

Exemplo: Mark Zuckerberg. Primeiro ficou rico, e depois veio com o papo de que seu objetivo sempre foi fazer a diferença no mundo. Tá certo.
O segundo grupo é constituído pelas pessoas que não se encaixam no primeiro grupo, mas que divulgam o discurso do empreendedorismo fofo com um único objetivo: aumentar o próprio patrimônio.

Exemplo clássico de um membro do segundo grupo: essa moça aí, ou o cara do vídeo no começo do post. 
Por fim, o terceiro grupo é representado por pessoas ingênuas que acreditam que as pessoas do primeiro grupo realmente tinham "mudar o mundo" como objetivo principal quando começaram a empreender, e que acreditam que as pessoas do segundo grupo tem algum objetivo diverso de ganhar dinheiro vendendo um discurso fofo, bonito e vendível.

Exemplo clássico de membros do terceiro grupo
Os três grupos acima não são tão fáceis de entender numa primeira leitura, mas eles resumem bem o que há por trás do discurso do "empreendedorismo fofo".

Por mais bem intencionado que você seja, fique então ciente de que só existe um motivo racional para se abrir uma empresa: a perspectiva real de ganhar dinheiro.

Não abra uma empresa motivado pelo conto do empreendedorismo fofo. Aliás, não abra uma empresa por qualquer motivo que seja, a não ser que esse motivo seja a possibilidade de ser bem recompensado financeiramente pelo risco ao qual você está se sujeitando.

Se por acaso você tiver uma ideia que contribui para um mundo melhor, só a coloque em prática por meio do empreendedorismo se você tiver expectativa de que essa ideia traga um bom retorno financeiro.

Se você tiver uma ideia que em nada contribui para um mundo melhor, mas que é atividade lícita e traz boa perspectiva financeira, coloque-a em prática sem se importar se ela é fofinha ou não.

Não é a capacidade de construir um mundo melhor que deve determinar se você deve abrir uma empresa ou não, mas sim a perspectiva de retorno financeiro ao se executar atividade lícita, por mais inútil que a atividade possa parecer.

Se você sente uma necessidade enorme de contribuir para um mundo melhor, mas acha que essa sua vontade de contribuir não traz retorno financeiro, vá fazer trabalho voluntário, ajudar a APAE, criar uma ONG, abraçar mendigo na rua, qualquer coisa menos abrir uma empresa.

Empresa é pra se fazer dinheiro dentro dos limites da lei, meus caros. Não se iludam com esse papo arco-íris de "se apaixonar pela oportunidade de resolver problemas e solucioná-los" e toda a retórica desprovida de fundamentos que acompanha o discurso do empreendedorismo fofo.

Sonho com um país melhor e, de formas que não convêm mencionar neste post, faço a minha parte para que isso aconteça.

No entanto, no quesito empreendedorismo, peço a todos que coloquem o pé no chão, deixem o romantismo de lado e sejam racionais: empresa é pra ganhar dinheiro. Todas as pessoas do primeiro grupo mencionado neste post (Mark Zuckerberg, Bill Gates etc) sabiam muito bem disso, tanto é que primeiro garantiram suas respectivas fortunas pessoais, e só depois revelaram ao mundo suas almas caridosas.

Aquele abraço!



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