Tudo e todos conspiram contra a sua prosperidade
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Tudo e todos conspiram contra a sua prosperidade


Ninguém aqui é criança e todos sabemos muito bem que o capitalismo industrial alterou o foco da existência humana do ser para o ter.

A consequência disso é que, a não ser que você seja um hippie, cigano ou viva em alguma comunidade alternativa, sua vida necessariamente envolve fixar-se num determinado lugar e juntar dinheiro (algumas pessoas são boas nisso e juntam para viver uma vida confortável, outras são ruins e juntam para não morrer de fome).

Essa é uma situação tão impregnada no nosso dia-a-dia que a coletividade humana tem sido denominada "sociedade de consumo". Pense no quão patético isso é: chegamos ao ponto de nos autodenominar "de consumo", como se os atos de comprar e vender fossem a coisa mais importante para representar a vida humana em sociedade.

Estar inserido dentro da sociedade que se identifica como "de consumo" significa que você tende a ser julgado não pela sua pessoa, mas sim pelo seu patrimônio, o que é extremamente ridículo.

Apesar de ser ridículo, digo-lhe uma coisa: não adianta tentar lutar contra o capitalismo, muito menos tentar fugir dele. O melhor conselho desse que vos escreve é: se você ainda estiver escolhendo qual curso superior fará, não invente de fazer ciências sociais na federal mais próxima e se juntar com os miguxos para tentar mudar o mundo, pois você não vai conseguir. Muito pelo contrário, o capitalismo vai te colocar de quatro e enfiar um tronco no seu cu, e você vai passar o resto dos seus dias ganhando R$ 800,00 e reclamando nas redes sociais que sua profissão é o futuro do país e que você deveria ser melhor remunerado. 

Conheço uma grande quantidade de graduados em filosofia, história, ciências sociais, dentre alguns outros cursos de humanas e todos têm esse perfil: ou trabalham com algo totalmente não relacionado ao curso que fizeram, ou são professores-escravos que não têm outra opção senão depositar a esperança de uma vida digna em políticos e sindicatos (ou seja, fudeu).

Como eu disse, se tentar lutar contra você certamente vai perder. Dentro desse contexto, a melhor coisa que você pode fazer é jogar o jogo do capitalismo da melhor forma possível. Não meça esforços para viver uma vida em que você ganhe muito dinheiro, e preferencialmente uma vida onde você consiga a bênção de viver de renda passiva. 

Sim, isso é muito difícil de conseguir, e fica mais difícil a cada ano que passa. Pra aumentar o nível de dificuldade, tudo conspira para que você não consiga alcançar sua independência financeira.

A tal "sociedade de consumo" é um grande, constante e permanente convite para que você diminua seu patrimônio mediante aquisição de um monte de porcarias supérfluas. 

Querem que você ache bonito gastar R$ 200,00 em pano só porque tem a estampa de um jacaré; que você gaste 40 mil dilmas num carro 1.0 só porque ter mais de 18 anos e não ter carro é praticamente uma heresia; que você gaste R$ 100,00 só para entrar numa boate e depois mais R$ 12,00 por cada 355ml de cerveja; que você compre o iphone 6; que você refine seu gosto por vinho ao ponto de sentir nojo de vinho barato e só conseguir sentir prazer bebendo vinho de R$ 300,00; que você mostre pra todo mundo no facebook como você tá sempre feliz, bem vestido, frequentando lugares bacanas e cercado de gente boa.

Como eu disse antes, você jamais conseguirá destruir a sociedade de consumo ou fugir dela, mas é possível mandá-la tomar no cu. Desapegue-se do fogo no cu pela compra disso e compra daquilo. Deixe de ser uma putinha consumista e pare de importar com o que as demais putinhas pensam disso. 

Foda-se o carro mais moderno, foda-se o apartamento maior, foda-se o celular de última geração, foda-se o pano que você veste pra mostrar que pagou caro por ele, foda-se o que quer que os demais escravos do consumo vão pensar disso.

Viva uma vida simples, acabe com o consumo de supérfluos, reflita muito sobre o que realmente é essencial e o que é supérfluo, pois muito do que você considera essencial hoje é absolutamente desnecessário. Se você sente necessidade de exibir sua vida pros outros no mundo real e virtual, sinta vergonha desse comportamento de patricinha de beverly hills do caralho e se recomponha, pois ostentação de bens é coisa de patricinha e favelado, e ostentação de felicidade é coisa de gente imbecil que sente a necessidade de se afirmar perante os outros.

Isso que estou dizendo não é necessariamente sinônimo de virar muquirana ou de se vestir mal. É apenas uma questão de deixar de ser um escravo do consumo, bem como de deixar de ser um escravo da expectativa de outras pessoas. 

Supondo que você esteja no fundo do mar e a independência financeira signifique nadar até a superfície, pode ter certeza que ser escravo do consumo é como ter uma bola de ferro acorrentada na sua perna: enquanto você tenta nadar pra cima a bola de ferro sempre te puxará pra baixo. Pode até ser que você seja um floquinho de neve super especial e consiga nadar pra superfície mesmo com a bola te puxando pra baixo, mas pode ter certeza que nesse caso você fez muito mais esforço do que realmente era necessário.



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