Porque minha obsessão em ser rico - A infância de um pobre
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Porque minha obsessão em ser rico - A infância de um pobre


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Muitos se perguntam (e me xingam) de que minha obsessão em aportar, camaros e panicats é infantil, ridícula e até mesmo impossível de atingir. Perguntam porque essa obsessão nisto, porque não viver a vida melhor, mais conformado, gastando mais do salário ao invés de aportar 3.300 reais por mês (quase todo meu salário) e não fazer porra nenhuma na vida sofrendo no trabalho, sem amores, curtições, viagens, saídas, etc.

Primeiro temos o fato que eu odeio trabalhar e quero sair do mundo trabalho como diversas vezes já falei aqui (alguns exemplos, um, dois, três).

Mas existe mais do que isso. Existe o que eu passei na minha infância e adolescência e vida universitária que me assombra até hoje. Esta é uma série de posts, e iniciarei pela infância. Nas próximas 2 quartas falarei da adolescência e vida universitária até os dias de hoje (salvo a atualização do meu patrimônio e ranking).

Como já falei aqui, sou um pobre que vive e convive no meio de classe média alta e rica paulista. Imaginem o que é ser um merda sem dinheiro no meio das pessoas mais ricas do estado mais rico, do maior país da América Latina.

Crianças em geral, costumam ser cruéis umas com as outras. A tal inocência é mentira pois crianças na verdade são pequenos monstros inúteis, que não mostram compaixão, empatia, espírito de união e ajuda com o próximo, e sim são as primeiras a apontar cada erro, defeito, problema e são as primeiras a hierarquizar umas às outras em quem pode ou não pode fazer tal coisa.

Quando criança eu estudava num colégio de pessoas com posses, particular. Segue as histórias

A Infância de um pobre (5 anos a 13 anos)

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- Por ser o mais pobre, eu sempre ganhava as coisas mais podres dos meus pais para ir a escola. Isso significava que eu tinha o pior material escolar de todas as crianças. Então enquanto dos tinham mochilas legais, ou trocavam a cada 6 meses, eu chegava a ficar 2 anos com uma só. Quando todos mudavam para aquelas de rodinha pois estava na moda falar das costas das crianças, eu continuava com o monstro nas costas. Eu via meus colegas com mochilas do Jaspion, Flashman, Black Kamen Raider, e a minha era uma pasta azul feia pra caralho.

- Todos usavam lapiseiras e eu usava lápis. O meu caderno não tinha nada na capa enquanto dos meus colegas usavam de times, hérois, desenhos, ou de mulher gostosa. Meu sapato de colégio era sempre o mesmo enquanto da galera era de marca. A minha jaqueta era a mais surrada e barata oferecida pelo colégio enquanto tinha garotos com 3 tipos diferentes.

- Houve uma época que lançaram-se os video games (mega-drive, Nintendo e super-nintendo, game boy). Era uma febre. Vi praticamente 70% da sala ganhando games boys, e 40% com mega-drive e 60% com super-nintendo, ou seja, todo mundo tinha video-game. Menos eu. Quando surgiam reuniões de amigos e era a vez de ir em casa e eu dizia que não tinha video-game, pessoal estranhava muito. Um colega disse “vamos fazer o que lá então”, e outro perguntava “porque você não comprou ainda?” e outro falava “o que você faz final de semana”. Nos intervalos da escola, eu ficava olhando eles jogarem e quando dava, jogava um pouco o de alguém. Nossa, como era legal o game-boy. E eu não tinha. Eles conversavam direto sobre jogos e eu ficava sem assunto. Isso ás vezes impedia conectar com alguém para conseguir engatar amizades mais duradouras.

- Em reuniões de família eu via meus primos e primas ganharem os melhores presentes. A quantidade de bonecos GI-JOE, He-man, Jaspion, Thunder cats, Lego, carrinhos, espadas laser, pistolas e jogos de video game que eles ganhavam me deixava chocado. Era engraçado pois enquanto eu abria 2 presentes e era uma coisa normal, eles estavam abrindo o 7º embrulho. No ano seguinte, na escola, todos falando de seus presentes e quando chegava minhas vez, eu inventava que tinha ganhado mais coisas.

- Muitos dos meus coleguinhas viajavam para outros países e tinham casa de praia. Muitos viajavam nos finais de semana e voltavam cheios de histórias. Eu dificilmente saía, pois pra onde eu vou? Eu só ficava ouvindo.

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- Quando tinha festas de aniversário de coleguinhas eu ficava extremamente envergonhado do presente que eu dava. Todos davam coisas legais. O que eu dava para meus colegas, e pior, era sempre a mesma coisa, eram bonés (ridículos) e meias. Uma vez um colega recebeu o pacote de mim e disse “ih já sei, é um boné” na frente de todos. Dei um sorriso amarelo e dali em diante torci para nunca mais ter festas.

- Quando nos reuniámos para jogar futebol, assim que dava intervalo ou ao final todos iam comprar gatorade, salgadinhos. Eu nunca tinha dinheiro e ficava só no bebedouro e com fome, olhando todos se alimentando com a boca suja e rindo com dentes podres.

- Quando tinha algum trabalho de escola, o meu sempre era o pior. Minha cartolina era podre, minha cola uma merda, as figuras mal impressas pois não tinha grana. Eu já sempre queria ir primeiro para evitar humilhação. Quando eu era um dos últimos, meu coração ia no chão de vergonha. Doía muito.

Da minha infância essas são as coisas que mais marcaram. Apesar de tudo isso, em geral a infância foi boa, talvez porque na nossa memória você se lembra muito da liberdade que tinha, dos esporros da mãe, dos jogos de futebol, pega-pega, esconde-esconde e isso dirimia um pouco a questão social-financeira que eu ainda não entendia por completo. Elas só foram me marcar na adolescência quando além de sofrer com a pobreza e agora com o assédio moral dos colegas, eu passei a entender o que havia ocorrida na infância.

“Você deve buscar dinheiro. Dinheiro é a resposta para tudo. Compra alegria, felicidade, mulheres, amizades, respeito, tranquilidade, status. Todo o resto não importa. Dinheiro é a chave da felicidade. Nenhum pobre é respeitado, nunca será, e nunca será feliz de verdade.”Pobretão de vida ruim




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