A tristeza de ser um pobre no amigo secreto da empresa
Dinheiro e Negócios

A tristeza de ser um pobre no amigo secreto da empresa


Tire suas patas que já tocaram 400 tabacos de chefinhos alfa da minha cara sua vadia paulista workaholic

Chefe chega no setor e fala, “gente vamos fazer o nosso amigo secreto?”. Todo mundo se rebola que nem putas pagas e saem correndo a pegar papelzinho (principalmente as mulheres que sempre lideram essas merdas), caneta, cumbuca pra colocar os nomes. Fico revoltado com aquilo e apenas fico quieto pois terei que gastar dinheiro dando presente para alguém que eu não gosto e que gostaria de ver longe de mim, na qual sou OBRIGADO a conviver à força.

“Gente qual vai ser o valor?”. Tremo na cadeira. Alfa vagabundo sem vergonha fala “60 reais”. Um gota de suor escorre do meu suvaco de tão nervoso que já estou. Vadia patricinha diz “65 reais” e ri. Todos começam a discutir e o chefe diz “70 reais pra ser bem legal”. Fecho os olhos com ódio, agarro o mouse com força, coloco a mão na testa fingindo que estou fazendo algo difícil no computador pra esconder a raiva. Minha cabeça ferve calculando o impacto no meu orçamento.

“Bom e onde nós vamos pra fazer a confraternização de final de ano?”. Eu saio da posição anterior e levanto a cabeça espantado com olhos arregalados. O… O QUE? Não vai ser no escritório vai ser fora? Ai não. Começam a falar vários lugares caros, fodas, restaurantes na PUTA QUE PARIU, DEPOIS DO EXPEDIENTE mas tipo 20:30 da noite, ou seja, é pra ir pra casa antes e tal é algo foda mesmo.

Os papeizinhos passam de mão e mão e todos ficam futricando, rindo, o chefe no meio do setor dando uma de fodão alfa coluna ereta, se achando o tal, o dono da senzala, o senhor de engenho, o capitão do mato. Aperto os dentes de raiva dele. A cumbuca cai na minha mão. Penso mentalmente “não seja meu chefe, não seja meu chefe”. Pego o papel, leio. Peguei quem eu não me dou bem no setor e também não gosta de mim, tenho ódio dessa pessoa que se acha a sabichona filha da puta. “e aí pobretão,  já sabe o que vai me dar”, brinca um colega. “Já sim, muito mole!” respondo tirando todas as energias da alma para ser simpático e legal. Babaca. Eu vou lhe dar um vibrador grosso pra enfiar no seu CU, penso eu mentalmente. Acaba a dinâmica, combina-se o lugar, horário, etc.

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Minha reação e gesto literal na íntegra na hora do almoço ao pensar nessa merda de amigo secreto (não tinha ninguém na hora).

Você pode falar como ingênuo que é “ah seu reclamão vitimista é só não ir, hurr durrr”. Olha só… olha o neném que nem saiu das fraldas no mercado de trabalho, olha aí o alfa rambo de teclado gente, abre a avenida, abre a Marquês de Sapucaí que lá vem o carro abre-alas “Einstein das empresas privadas” com seu profundo conhecimento nas dinâmicas políticas e corporativas do coração e locomotiva brasileira no coração de São Paulo a cidade mais rica da América Latina. Hmmm… FILHA DA PUTA. TE ESGANO VADIO. Deixe-me explicar, não existe “dizer não” na iniciativa privada. Ou você obedece, ou você obedece. Eventos sociais ou você vai ou você vai. Se eu não for no ano que vem tô demitido fácil. É isso mesmo, eu sou OBRIGADO a gastar o MEU dinheiro para dar presente PRA QUEM EU NÃO GOSTO e ir em lugares que EU NÃO QUERO e são CAROS deixando eu MAIS POBRE, GORDO e CANSADO. Senhoras e senhores, essa é a iniciativa privada brasileira. Acha que é fácil sustentar o país hein, bonitão?

Penso o que comprar pro pau no cu, chego em casa e falo com minha mãe e irmãs por idéias, fico puto, caralho ir em shopping em São Paulo no mês de dezembro após o expediente ou no final de semana é pedir pra morrer e ter ataques epiléticos de ódio, digo pra minha mãe “lhe dou a grana e você compra”, minha irmã que ama consumir diz que vai por mim e digo ok. Elas compram o presente e me dão embrulhado eu nem vi que porra era e nem quero saber. Perder meu tempo com um vagabundo que eu não gosto que eu sou OBRIGADO a conviver? Não obrigado.

Chega infelizmente no dia da confraternização em que torci para que um meteoro caísse na terra ou que nunca chegasse. Todo mundo no dia empolgado, as mulheres comentam entre si qual roupa vão. Puta merda, já vi tudo, elas vão super maquiadas, roupas lindas, cabelo feito, conheço essas putas, irão sensuais e lindas para competirem em beleza entre si e encantar os chefinhos e coordenadores. Nosso setor é grande então vai ter mulher pra caralho na mesa com seus decotes.. começo a passar mal já pois terei que me esforçar pra não olhar pros peitos e coxas delas como faço na rua pra não parecer tarado e ficar com fama. Mulher é um ser patético, falam que são objetificadas mas sempre andam como putas montadas pra alfas, puta merda. Os homens combinam horários, trânsito, vias de como chegar no restaurante. Eu estou com um pontada no coração de raiva o dia inteiro.

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Minha mente resistindo às conversas no dia

Chego em casa e me toco que os homens do setor são ricos e investem forte em roupas e com certeza estarão equipados com relógios, camisas da Calvin Klein daquele maldito símbolo feio do cavalo estúpido, ou Lacoste daquele jacaré viado boqueteiro, puta merda eu só tenho roupa de marca de balada, não tenho pra eventos sociais. Abro a porta e saio correndo pra cozinha, “MÃE ME AJUDE NÃO TENHO ROUPA PRA IR NO EVENTO”. Ela larga os pratos, limpa a mão na toalha pendurada a calça, típico gesto de mãe e vai no quarto comigo. Abrimos o armário e só falta sair grilos, moscas ou fazer eco pois tem pouca coisa de roupa devido meu estilo frugal.

- Aqui filho, a gente pega essa camisa, põe essa calça olha que beleza – Ela coloca a roupa na cama arrumando.

- Puta merda que merda mãe, puta que pariu, olha isso, meu deus vou ser demitido.

- Pare de aumentar

- ODEIO SER POBRE

- Pare de reclamar deus castiga

- Puta que pariu

Minha irmã do meio assiste tudo na porta enquanto come uma maçã com jeito de sabichona. Dou um tapa na maçã e mando ela sair.

Tomo banho, decido por colocar uma roupa com tons sóbrios pois elas disfarçam bem e dão tom de sério e bem vestido. Sou obrigado a pegar TAXI pra ir na merda do lugar torrando mais grana. Que ódio.

Vadias paulistas se achando as tais até no Natal.

Chegando lá, me sento à mesa, vadios pedem bebidas caras (aqui serei mais curto nos detalhes para me preservar), comidas, as mulheres estão gostosas, diferentes, é hilário ver aquelas putas de merda de dia e agora montadas e de noite, nossa como elas enganam e ainda tenho que ouvir esses pseudo-pegadores falando pra se matar pra pegar essas lixos arrogantes rodadas que ganham 4k a 9k e ainda contam com o marido sendo maior provedor. A galera fica animada com o alcool, eu sou esperto e não bebo muito pois tenho medo pra caralho de fazer merda pois quando bebo me transformo em outra pessoa (melhor).

Chega a hora dos discursinhos do chefinho, blá blá blá, espírito de equipe, blá blá, 2014 vai ser bom pra gente, blá blá trabalhar duro é bom. Eu rebato mentalmente tudo o que ele fala enquanto passo a mão no copo de vinho com postura arrogante e sorriso sabichão. É, viado, pare de mentir, eu conheço suas mentiras seu opressor cuzão.

Começa a troca de presentes, cheio de putaria e falsidades, fico puto, chega minha vez, óbvio que sou um ator global quando quero e faço todo um discurso até arranco risadas, entrego meu presente, irmã acertou, ótimo não passei por pobretão burro que não sabe comprar. Estou escapando ileso da jaula dos playboys. A noite prossegue, vejo alguns engraçadinhos falando mais próximo de algumas vadias, eu procuro sempre estar ouvindo algum otário falar algo contando histórias pessoais pra não parecer isolado e burro, as pessoas adoram falar de si e arrotar suas experiências desinteressantes e isso que faço, pode falar aí otário, cago e ando pra você, mas fale, fale, se ache importante, um dia eu cago na sua cabeça, falso filha da puta.

Vem a conta, que paulada… ai que paulada… QUE ÓDIO. É isso que me dói, meu SUADO dinheiro gasto nessa merda com pessoas que EU NÃO QUERO PERTO. MEU DINHEIRO. MEU DINHEIRO. Pego carona, fico no banco de trás com uma nojenta, chego em casa tarde. Amanhã já tem o trabalho. O chefinho vai dar como missão cumprida o evento e achar que agora somos mais unidos e mais agradecidos e portanto daremos mais sangue, horários, sacrifícios da vida pessoal pelo setor. É assim na iniciativa privada, tudo um circo de pão e água para arrancar mais lealdade e sacrifício do funcionário ao invés de pagar um salário justo e ter horários decentes de trabalho.

Mas não de mim amigão. Não de mim. 1 Milhão ou a morte.

*******

Amigos pobretões, apesar do tom rude do post, é só porque vocês já conhecem que eu fico puto com coisas de trabalho mas novamente, espero que tenham tido um ótimo natal. Post que vem é o de ano novo no domingo e de despedida oficial de 2013 do blog. Sobre os detalhes dados da história, o que acontece em casa eu fui mais detalhista pois tenho mais segurança já os do evento tive que ser mais sucinto para não dar na telha apesar que São Paulo é enorme e toda empresa faz essas confraternizações e elas são parecidíssimas. Também alonguei o post pois daqui pra frente vem os posts padrões até janeiro.

Um forte abraço a vocês!




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