Um pobre feio na balada de ricos
Dinheiro e Negócios

Um pobre feio na balada de ricos


 

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Quem já viu meu post sobre como definir aportes e como definir o valor mensal destinado para o lazer sabe que eu tenho uma grana destinada para o meu lazer. O dinheiro é pouco então dá pra no máximo 2 finais de semana (um dia só) ou um final de semana inteiro. Os outros eu fico em casa.

Neste final de semana fui pra balada. Em São Paulo as baladas são extremamente caras. Consumação é 50 pra cima só que as bebidas e comidas são absurdamente caras. Estacionamento, gasolina completam os gastos. Não é pra qualquer ir pra balada por aqui. Quando eu saio pra balada, para não gastar minha cota eu faço o seguinte: Anoto no meu excel onde tem o orçamento e coloco minha meta de gastar na noite: Coloco lá 150, 200 reais ou 100. Em dinheiro vivo eu anoto o valor que estou levando caso dê pau no cartão de crédito. Assim eu posso saber o que estou gastando ao chegar em casa bêbado.

Durante a balada, cada gasto que eu faço (como comprar uma cerveja) eu anoto no meu celular de 60 reais no bloco de notas. Com a noite progredindo e todos e eu ficando mais bêbados, eu vou anotando no banheiro quando vou mijar. Quando bebo fico muito generoso e quero pagar bebida pra todo mundo ou quero começar a avacalhar e pagar bebidas mais caras. Mas com a experiência eu vou me controlando. É foda você ver a galera se divertindo e gastando horrores e eu lá anotando tudo e ficando triste se ultrapasso a cota. Mas é um mal necessário afinal não posso nem a pau comprometer meu aporte de 2.600 reais.

PRÉ-BALADA

Enfim, fui a balada. Em casa peguei minhas roupas ridículas, todas compradas pela mamãe (sim estou me auto-ironizando). Camisa, calça jeans, tênis, nada eu que comprei e não são de marca. Legal. Botei meu perfume que é de marca (pelo menos isso) que é do Boticário (não riem playboys idiotas), passei um gel pra ficar legal. A camisa colada não ficou bem pois tenho barriga de paulista sedentário fracassado, meu braço não é legal também. Mas fazer o que.

Não tenho carro então eu peguei um ônibus. Putz pra mim essa é uma das piores partes. Como não quero gastar em taxi que foderia a grana pra noite, eu pego ônibus. Aí você entra e vê o cobrador e a galera olhando pro cara todo cheiroso e arrumadinho almofadinha. Fico com muita vergonha. Todos pensando “porque este bostão não vai de carro? Oh céus..

Já fico nervoso suado e pego o metrô. Aí já é mais tranquilo pois vejo mais pessoas daquelas alternativas e vou me escondendo no meio deles.

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Chego na balada, fila. Aí você começa já a ficar na merda. Primeiro aquele monte, monte, monte de mulheres lindas de salto alto, cabelões, maquiadas com aqueles realçadores de olho sei lá o nome, bebendo, super estontaentes, diferente de como são no escritório com toda aquela iluminação na cara feia. Depois você vê só carrão atrás de carrão chegando, cada cara playboy com suas gatas lindas chegando de Tucson, Honda Civic, Volvo, I30, Mitsubishi. Puta merda porque eu sou tão pobre?

Consigo entrar na balada, corro pro banheiro pra limpar o suvaco de suor e arrumar o cabelo dessarumado do vento do ônibus que fodeu meu penteado. Mijo, lavo a mão. No banheiro os homens todos na frente do espelho arrumando seus cabelos e olhando de perfil pra ver se estão fortinhos. É, tempos modernos.

A BALADA

Volto pra pista e vou pegar minha bebida. Não gosto de misturar mas pro final da noite já estou bebendo tudo. Em São Paulo todo mundo pega com seus amigos uma garrafa de whisky com energeticos pra noite inteira. Você vê mesas com Johny Walker red label e black label aos montes pois os homens ricos querem ostentar para as mulheres. Eu fico com a cara no chão pois sou pobre. Todo mundo na balada estava segurando seu energético e seu copinho com gelo e whysky. Como isso é muito caro e iria detonar minha cota de grana pra noite eu pego cerveja. Só que as cervejas legais pra pelo menos não ficar feio na foto é Stella Artois e Heineken mas essas porras são caras então eu fico pegando a porra da Antarctica o que é lindo pois todos lá com Whysky de 200 reais e eu com uma merda de 5 reais. Porra porque eu sou tão pobre?

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Começo a beber e observar se tem alguma mulher olhando pra mim. A noite progride e os paulistas homens e sua natural timidez e excesso de respeito com as paulistas vão dando lugar a algumas aproximações. Tentei observar se eu era o mais sem graça do lugar mas se eu fosse fazer um ranking como o nosso de patrimônio eu ficaria em 20º.

Vou então dar em cima de uma loira baixa com excesso de maquiagem e ansiosa. Começo a conversar com ela e quase que falo sobre investimentos pra tentar seduzi-la com meu super patrimônio de 116.000 reais mas aí eu lembro do alto de minha bebunzice (não dava pra notar) que eu não tenho carro. Então falei com ela sobre dançar, se ela fazia dança e ela então disse “vou pras minhas amigas”. 10 minutos depois eu vejo ela conversando com uma mesa de caras com 6 garrafas de Johny Walker. “Quem manda ser pobre, pobretão” penso eu.

Eu fico rodando a balada, encontro um colega que desesperado vai e dá em cima de 2 mulheres e eu vou atrás ajudá-lo. Mal ele começa a falar a mais bonita pega a amiga mais feia e vão pra outro lugar. Meu amigo lança um olhar triste e logo começa a rir. Eu fico sério pois nunca sorrio pois minha vida é ruim mas dou um tapão nas costas dele, chamo ele de zé mané e dou minha cerveja pra ele. Bom, temos a nós mesmos não é companheiro?

Me perco dele e quando dá 1:30 da manhã entra o DJ principal da noite. É agora que todos ficam doidos. Vou em cima de uma morena alta. Putz, vejo como sou desinteressante, eu fico sem papo rapidamente. Vou em uma loira feia, e ela fala que tem namorado. Ok. Quando vejo as mulheres estão próximas as mesas dos caras em grupo que claramente estão jogando grana pra cima. Outro grupo que elas estão próximas são os marombeiros que vão fazendo a festa a chamando a atenção. O foda é que como sou feio e pobre nem olhar de interesse eu recebo. Vejo muitos foras de outros colegas.

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PÓS BALADA

4 da manhã. Hora de ir embora, só sobra as bêbadas com as amigas e amigos e os que ficaram. Pago a conta, vejo o rombo (fiquei dentro da meta, ainda bem). Ora de esperar a merda do metrô. Bêbado, cansado, feio, abatido. Pego ônibus. Chego em casa e caio na cama. Levanto. Água gelada pra não ficar de ressaca. Engov. Dormir. Antes de dormir me lembro dos carrões, dos whyskies, dos marombeiros, das lindas mulheres, dos casais, de eu economizando em cerveja, de que só no próximo mês poderei sair pois a cota de lazer acabou. A vida continua segunda na escravidão. E eu sinto mais um final de semana se esvair pelas mãos.

“Quem manda ser pobre, pobretão”, penso eu. E pego no sono.




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