A tristeza de ter um dia de fúria
Dinheiro e Negócios

A tristeza de ter um dia de fúria


A aventura de um jovem pobre beta feio (JPBF) na guerra contra a rotina diário do mundo

Um dia de fúria é um filme espetacular com Michael Douglas e um dos melhores filmes da história do cinema. E ele é o que lembra quando eu tive meu dia de fúria neste mês.

***

Eu acordo irritado e triste. Mas que dia não acordo assim? Tudo bem. Levanto da cama e meu celular cai do criado mudo. Tela rachada. Dou 3 socos na cama e grito HNGGGGG FILHA DA PUTA. Deixo a merda do celular na cama e vou pro banheiro tomar banho.

Saio do banho me visto e a merda do meu cabelo não ajeita. Me irrito e pego meu gel e passo para arrumar e ele cai na água da torneiro arruinando meu pote todo. Saio do banheiro e lá está a merda da minha irmã tagarelando em PLENA manhã. Eu ODEIO quem fala demais de manhã. Ela não para de falar com minha mãe dando RISOS e demonstrando felicidade. Que espécie de ser humano tem alegria e sorrisos de manhã? Isso não entra na minha cabeça. A observo por 3 segundos enquanto engulo um pedaço de queijo que forço pra engolir. Observo e penso o que ela tem na química cerebral dela que eu não tenho. Me seguro com todas as forças pra não mandá-la calar a boca.

Saio na rua. Frio. Começa a chover enquanto estou no meio do caminho. Guarda chuva? Não não, a chuva nem tá forte, é só garoa. Passo por uma vadia vendendo guarda chuva. Passo por outro periferento vendendo mais alguns. Não não, não é só garoa, logo tô no metrô. Após 4 minutos uma incrível ENXURRADA cai e eu fico molhado como se fosse um balde de água jogado em mim. Chego indignado no metrô e meu cartão está sem saldo na hora de passar na catraca. Um monte de gente atrás de mim não me deixa sair direito e voltar pra poder ir no guichê recarregar. Me irrito e tropeço numa vagabunda que diz “aaaaaaiiii”. Saio bufando e nem olho pra trás.

Entro no metrô finalmente e ele está lotado. Metrô normalmente (pelo menos na linha que eu pego) tem muito mais mulher que homem porém em São Paulo as mulheres são muito feias então você fica lá com cara de cu como se fosse uma torre no mar de vadias baixas horrorosas com cara de cu e arrogante como se fossem princesas lindas todas entretidas em seus celularzinhos falando com suas amigas de como a noite passada com um fodão Lucas Lucco musculoso rico xavequeiro “bom de papo” filha da puta do caralho foi. Eu lá com meu cabelo destruído, molhado, com ranho no nariz querendo pingar do meu nariz de italiano paulista fudido.

Saio quase empurrado do metrô pro trabalho. Deixo minhas coisas na minha battle station (estação de trabalho) e vou me secar no banheiro. Entro no banheiro e está tudo cagado no chão de molhaduras e merdas pretas de sapatos e escorrego e quase caio não fosse minha habilidade de JPBF de desviar de tragédias. Vou me secando e sobe um puta cheirão de merda. Obviamente em PLENA MANHÃ tem um cara soltando um barrão do caralho. Eu ODEIO sentir cheiro de merda dos outros. Coloco as duas mãos, sendo uma delas segurando o papel toalha, no balcão da pia, dou um suspiro profundo olhando pra baixo. Olho pro espelho e olho minha cara feia que as diabolheres odeiam tanto. Penso nas quedas da eletropaulo nos últimos dias tirando toda minha alegria dos últimos 2 meses. Balanço a cabeça negativamente. Me recomponho e volto pra estação de trabalho.

Sento na minha cadeira e vem o coordenador que nem uma bixa louco “onde você tava?”. Eu respondo “me secando peguei moh chuva”. “Então pobretão Diretor pediu uma reunião pras 11:00 é pra mostrar aquele projeto X que você fez com a área X”. “Mas eu não tenho nada pronto de apresentação, eu terminei ontem os cálculos e contactei o fornecedor que só mandará contrato semana que vem”. “SE VIRA E FAÇA ALGUMA COISA ELE PRECISA VER O RESULTADO DO PROJETO SE NÃO ESTAMOS FUDIDOS”.

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Minha reação depois que meu coordenador saiu da minha mesa

Ele levantou a voz nervoso pois também estava pressionado por nosso gerente. Eu engulo seco e começo a perguntar estratégias do que mostrar e fechamos o que fazer. Começo a freneticamente a fazer a merda da apresentação e meu ramal não para de tocar com uma vagabunda enchendo meu saco sobre uma informação lixo. Tiro o ramal do gancho de raiva e bato o telefone na mesa de ódio e meu colega da frente olha e diz “ooopaaa”. Eu mordo minha mandíbula de ódio do filha da puta e começo a clicar no mouse que fica dando travadinhas gays do caralho e começo a bater o mouse também com força na mesa 3 vezes. Ele volta a falar “oooopaaa”.

PUTA QUE PARIU

Reúno toda minha energia cristã para me segurar e não xingá-lo e tento respirar e me concentrar em manter meu emprego fazendo a merda da apresentação. 09:23, 09:49, 10:52, eu estou desesperado com o horário e a apresentação está um lixo, estou indignado com aquilo, NUNCA pediram pra apresentar projetos do nada assim com apresentação e a cereja do bolo do projeto que eu toquei era o fornecedor me dar valores e escopo do trabalho pra eu poder montar o processo de vendas todo que ia aumentar a receita em X e o cara quer meu projeto todo capenga e lixo, esse é meu segundo projeto que toco porque estão me dando confiança de fazer esses pequenos processinhos novos e vou arruinar tudo porque NÃO SEI DIABOS QUEREM ME FODER ASSIM NUNCA FAZEM COM NINGUEM SOH COMIGO QUE PEDIRAM.

Meu coordenador vem desesperado e vem ver a apresentação e ele diz “meu deus que merda”. Eu falo “não tem o que fazer eu não tenho a resposta do fornecedor cara”. “Tamo fudido”. Boto a mão no rosto e penso “acabou”.

Vamos pra reunião e o diretor já está lá e cumprimenta todo putinho cheio de pressa. Eu tento fazer uma introdução explicando a situação ele diz “me mostra o cálculo”. Eu mal começo a explicar e começo a levar porradas e críticas virulentas. Antes que você retardado pense “A CULPA É SUA QUE ERROU”, eu respondo “NÃO, NÃO TEM NADA ERRADO COM O CÁLCULO, ELE TAVA CERTO”. O que ocorre é que sem a resposta do caralho do fornecedor faltou uma variável importante e vital que sem ela o valor final do aumento de receita ficava zuado.

O cara NÃO ME ESCUTAVA E NAO ME DEIXAVA EXPLICAR E FALAR. Fiquei levando críticas e o VIADO do coordenador ficou quieto que nem uma vadia gaúcha na copa do mundo diante de um hooligan fedorento australiano.

Exemplicação da revolta absurda na minha mente durante o estupro com o diretor usando o eterno Alborghetti

Saí desolado da reunião. Vou almoçar sozinho de raiva pensando que merda de vida. Dá 14:00 meu gerente me chama, vou pra sala e começa a me descascar falando porque não expliquei que faltava coisas (porque ele tinha levado porrada também do diretor óbvio) e eu falo QUE ELE NÃO ME ESCUTAVA QUE AQUELE VELHO FILHA DA PUTA ESTAVA LOUCO E MAL HUMORADINHO NO DIA PROVAVELMENTE A PUTA DA “ESPOSA” DELE NÃO FEZ O FIO TERRA NA NOITE ANTERIOR QUE ELE GOSTA. Óbvio que não falei assim mas enfim, o gerente até procurou entender mas daquele jeito né.

Saio da sala dele e não consigo mais trabalhar.  Abro minhas planilhas financeiras e vejo só lixo, eletropaulo de merda empresa demôniaca caindo um monte porque esse GOVERNO FILHA DA PUTA fica TODO DIA fodendo o país, o Levy é um puta de um FROXO que só sabe aumentar impostos que nem um socialista imundo, dólar explodindo, tudo dando errado, não tenho 400k, o sonho do meio milhão se esvaindo, minha vida cada vez pior.

Não consigo trabalhar mesmo, toco o foda-se e saio mais cedo nem aí mesmo, saio pelas ruas de São Paulo desolado chutando latinhas de Sprite jogado por algum cor de bosta mau educado com as mãos no bolso da calça social, resolvo entrar no primeiro bar que aparece e peço uma Cristal (puta merda) porque é a mais barata de todos. Diabolheres com suas roupinhas sociais e botinhas e roupinhas de frio passam em frente do bar enquanto eu beberico a cerveja pensando “essas vadias me acham um lixo humano só por existir, elas prefereriam dar para um cachorro num filme pornô do que me dar um selinho e elas nem sabem minha luta de vida pra ser alguém melhor”.

De repente entra 3 cor de bosta folgados no bar e começa a pedir grana, cigarro e falar merdas pra mim, recuso dar qualquer coisa e eles começam então a puxar papo daquele jeito folgado, fico PUTO, meu deus, só quero tomar minha breja de boa e agora preciso lidar com isso? Começo a acelerar a bebida pra terminar e ir embora e quando vou saindo os caras “falou chefia, valeu hein, oohhhhhhh” de jeito folgado. HHHHHHHHHHNNGGGGG QUE ÓDIO de periferentos.

No caminho final pra casa depois de mais uma sessão de metrô cheio, frio de merda, eu piso numa poça d’água sinistra molhando todo meu sapato e calça. É o fim. É o fim do dia. Acabou. Por favor, me mate logo Deus se é isso que tenho que passar pro resto da vida.

Entro em casa, tomo banho e deito na cama no escuro sem comer. Fico assim no escuro por 4 horas ouvindo músicas românticas dos anos 80 e Roxette. Vontade de sumir, de ir embora. Vontade de desistir do milhão, ou de gastar todo meu aporte, ou de largar meu emprego, de qualquer coisa, QUALQUER COISA MENOS ISSO.

Bom, mas o que é a vida se não uma grande coleção de dias de fúria?

Forte abraço!




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