A tristeza de ser um pobre em dinâmicas de grupo
Dinheiro e Negócios

A tristeza de ser um pobre em dinâmicas de grupo


Após meu último post sobre currículos de pobre e de playboy muitos comentários falaram de algo que os pobretões do Brasil sofrem que são as dinâmicas de grupo e entrevistas de emprego. Emprego é o primeiro passo para aportar e tentar ser rico para um pobre e por isso trato disso tanto no blog porque antes do aporte, tem o salário e antes do salário tem o processo de conseguir o salário.

A verdade é que quem é pobre e feio terá que passar diversas humilhações para conseguir empregos. Empresas médias e grandes possuem um certo setorzinho, composto em 95% de mulheres que adora humilhar os pobretões do Brasil com suas técnicas ridículas de dinâmica de grupo e perguntas idiotas, chamado Recursos humanos. Essas mulheres são as mesmas que na faculdade transaram com diversos playboys, usaram drogas, foram em baladas incríveis e raves onde sempre ficam com algum bonitão onde dão beijos na boca, se acham as boas e no dia a dia de seus trabalho e como só querem saber de bonitões fodões, elas detonam forte qualquer pobretão feio que quer subir na vida.

Como sabem já sou formado e trabalho já um tempo e portanto já passei por muitas dinâmicas de grupo e entrevistas. Após ler as histórias dos amigos do blog lembrei de alguns casos que marcaram minha vida e me mostraram como ser pobre e feio é nascer em desvantagem e ter vida difícil e triste onde o único consolo são os momentos de embriaguez ou beijos na boca em alguma prima em casa de massagem.

Uma das primeiras dinâmicas que fiz na vida foi pra Ernest & Young, conhecida e poderosa empresa de auditoria mundial. Essas auditorias são famosas por pagarem salários ridículos, terem cargas de trabalho criminosas e chefes escrotos que exploram mesmo, obrigando a ficar até 20:00, 22:00 horas. As dinâmicas e entrevistas em São Paulo são feitas em prédios lindos ou hóteis fodões que ficam na puta que pariu. Eu recebi um email pedindo que eu fizesse uma apresentação BREVE em power point sobre minha vida profissional, pessoal e acadêmica pra dinâmica de grupo.

Como pobre burro que sou, quase não tinha nada pra mostrar. Peguei meu power point fudido, e pensei, pensei e fiz lá, do jeito que podia algo. Como era inexperiente nesse mundo, eu tinha medo de fazer como os playboys fazem como falei no meu post anterior, e aumentar e inventar tudo o que sou ou faço. Eu fui honesto e minha apresentação teve 3 slides, sendo que eu dei uns espaços a mais e letra 22 Arial pra ficar grande. Eu sou o tipo de cara que sou direto e faço o que pedem. É breve? Então tá. É pra ser honesto? Então tá. Ingênuo eu…

Chegando no dia, eu já me fudi porque sou pobre e andar de ônibus em SP é uma merda, indo pra porra da avenida das Nações Unidas lá na puta que pariu. É terrível ir pra lá e acabei me perdendo. Eu andava desesperado pra lá e pra cá errando endereços, suando, nervoso, olhava no relógio e ia perder o horário, chorava por dentro de raiva até que por acaso achei a porra do lugar. A raiva maior foi ver 3 pessoas que iam pra dinâmica sendo 1 chegando de carro e 2 de táxi. Malditos playboys.

Ao entrar no local a maioria já estava lá e a quantidade de playboys e riquinhos era incrível. Tudo com camisas sociais e ternos de marca, jeitinho arrogante se achando. Um cara lá tirou uma agendinha toda bonita e fodona com sua caneta mont blanc e ficou lá se achando o tal. Os papos eram arrogantes do tipo faculdade, curso fora, emprego atual. As gostosas ficavam sentadas se achando exibindo seus saltos e as medianas magras ficavam já de papo com os babacas conversadores. Com meu sapato do camelô, camisa social emprestada do meu pai, eu apenas observava o lindo hotel, as mulheres maquiadas, aquele ambiente com clima pesado de competição e me perguntava que vida de merda me esperava.

Na hora da dinâmica o babacão do chefão apresentou a empresa, salários, benefícios, oportunidades e iniciou-se as apresentações de power point. Quando começou o primeiro cara eu já gelei. Tinha 10 SLIDES, com layout especial, merdas de design gráfico, o cara tinha bilhões de merdas que não sei como um cara daquela idade tinha. Eu gelei, fiquei suando frio imaginando minha merda de apresentação. Aí foi o 2º, o 3º e cada apresentação tinha um tchan diferente QUE NÃO DIZIA NADA NO EMAIL DA EMPRESA PRA TER. Na minha vez eu apenas apresentei e busquei falar das minhas tais características pessoais. Apresentei rápido e me recolhi à minha insignificância. A partir dali não prestei mais e só cumpri tabela.

Uma outra dinâmica de grupo foi para a Lojas Renner. Eu lembro que muitos colegas de faculdade estavam lá. Vocês precisavam ver a arrogância do pessoal. Num dia normal de facul pessoal conversa, faz brincadeira, relaxados, amizades, agora naquele dia tava todo mundo arrogante, escroto, pau no cu. Ninguém dava idéia, só faltava puxar o tapete. Tinha dois caras riquinhos metidos a besta que naquele dia ignoraram todo mundo, faziam cara de mal, era incrível. O exibicionismo na hora de se apresentar lá na frente foi fortíssimo.  Eu lembro que uma parte da dinâmica era pegar uns cartões com uns países europeus e falar sobre estes países. Aí um babaca pegou a porra da Itália e o animal não sabia o que falar. Aí eu levantei a mão e falei “se poderia ajudar”. A mulher da RH falou alto, grossa e violentamente “NÃO É PARA AJUDAR DEIXA ELE FALAR”. Fiquei vermelho e não prestei mais também naquela merda.

Teve uma que foi foda que eu fiz para a Unilever Era para a gente fazer na hora da dinâmica uma apresentação no cartaz para demonstrar nosso plano de “marketing” para alcançar os jovens em relação a alguma merda que esqueci. Aí eu caí num grupo que era de um playboy escrotísssiiiimmooo, daqueles caras altos que se acham, ele tava se achando demais (todo cara que é o mais alto da turma se acha superior), e ele se achava pra caralho, falava alto, se exibia para as mulheres. A outra era uma vadia submissa de merda que ficava em cima do muro. Aí na hora de fazer ESTE MERDA ficava mandando fazer uma monte de lixo nada a ver. Pra quem não sabe, fica uma vadia de RH circulando pelos grupos pra avaliar “o trabalho em equipe”. Aí eu vi que esse merdão playboy só ia ficar tendo idéias idiotas enquanto a vadia imunda patricinha de merda submissa de playboy ia ficar só concordando e achando lindo e fui e com assertividade peguei a merda das canetas e comecei a fazer, como eles queriam. Aí eu dei idéias tal pra tentar ir pra outro sentido e os filhas da puta não falavam nada. Aí quando comecei a fazer o playboy imbecil grita “NÃÂÂÂÂOOOOO, Nããoão, assim nãããããoooo”. E ainda põe a mão na cabeça e começar A RIR. Puta merda. Que ódio. Que raiva. A mulher do RH observava isso bem NA HORA. QUE AZAR. Aí eu me irritei e falei “o que cara, porque não”. Aí eu olhei pra vagabunda submissa e falei, “e aí não era isso?”. Aí ela toda vagabunda pra não ficar feia pro playboy fala “não, não, eu não tenho a ver com isso calma ihihihihihihi”. CANALHAS, CANALHAS, CANALHAS. Aquele dia eu na saída quase fui tirar satisfação com esse cara. Eu odeio ele até hoje. Ele e aquela puta rodada.

Finalmente teve uma para a Gerdau que eu cheguei na fase final após passar por 3 fases fodas, ddurante várias semanas. Estava todo empolgado, família inteira torcendo, pai, mãe, irmãs, tios, todo mundo sabendo que “um pobretão de merda da família pode ser funcionário da Gerdau (na época ela não era essa merda que é hoje)”. Saláriozão, oportunidades, benefícios, participação nos resultados. Novamente, falaram que tinha que fazer uma apresentação em cartaz e demonstrar as coisas você é melhor, tipo um conhecimento, um hobbie e explicá-lo lá na frente. Bem, falaram que era um cartaz. Novamente, eu fui e fiz UMA PORRA DE CARTAZ.  Passei um dia inteiro fazendo o cartaz depois de 3 dias pensando. Minha mãe até comprou cola, caneta hidrocor, reguinha, tudo. Como sou pobre não tenho hobbies nem nada que sou bom, então peguei um assunto que era bom na faculdade e resolvi fazer aplicado para a realidade da Gerdau, ou seja, algo técnico.

Chegando lá, mais uma vez, as pessoas não SEGUIRAM AS REGRAS. Teve 3 playboys que chegaram com banners enormes, daqueles de gráficas, toooodooo personalizado. E o que os banners falavam? NADA COM NADA. Teve uma mulher que veio com um origami sinistro, teve um animal de merda que chegou com uma série de fotos fodonas incríveis, teve outro que veio fantasiado.

VÃO SE FUDER FILHAS DA PUTA. QUem tem dinheiro pra fazer essas merdas? Playboys idiotas óbvios, playboys babacas que não segue as REGRAS.

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Nesse dia foi muito foda porque eles anunciaram quem tinha passado pra entrevista final que era só confirmação mesmo. O silêncio era enorme. Blá blá blá, agradecemos a todos, os diretores estão prontos para recebê-los, blá blá blá, foi muito bom, blá blá blá. Começaram então a chamar os nomes na listinha na mão da vadia de RH. A cada nome que falavam, o meu não vinha. Não vinha. E não vinha. Eu segurava na cadeira e apertava minha mandíbula. E meu nome não veio. Os 3 PLAYBOYS do banner e a vadia do origami passaram. Isso mesmo. Na saída, agradeceram e fiquei ali com mais alguns playboys que nem sentiram tanto. A decepção corria no meu rosto. Peguei o trem lotado de volta. O que falar para Mãe e pro Pai? Que fracassei de novo? Que o sonho acabou? Passei antes em um boteco e tomei uma cachaça pura. Fiquei sozinho na mesa olhando a rua e o vazio. Tanto esforço, estudo, mostrei algo legal, técnico, aplicado e vem babacas com coisas pagas caras e passam? Naquele dia apenas falei o resultado e o silêncio tomou conta em casa.

No meu quarto apenas fiquei com a cara no travesseiro pensando nas palavras de Rocky Balboa no último filme “o mundo é um lugar frio, feio que vai te bater e não liga pra você’. É assim mesmo Rocky, pra pobretão é assim mesmo.

E assim, fracassei nos programas de trainee que fiz. Fiz muitos, fracassei em todos. Vadias baladeiras de RH me rejeitaram e me fuderam. Playboys riquinhos, estão agora ficando mais ricos e pegando mais gatas. Eventualmente consegui um emprego numa empresa não por programa de trainee nem estágio, foi na base de entrevista mesmo e isso é péssimo pois trainee e estagiário efetivado ganha muito mais promoções e salários.

O texto foi longo mas é que eu me lembrei de tanta coisa nessa época da minha vida e tanta humilhação que passei que apenas quis escrever mais.

O mundo é um lugar frio… que não se importa com você..e ele vai te bater, e te bater e te bater…




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