1º mandamento do empresário prestador de serviços
Dinheiro e Negócios

1º mandamento do empresário prestador de serviços


Já com alguns anos de experiência como empresário, gostaria de compartilhar algumas dicas com aqueles que pretendem seguir essa "carreira". 

Essas dicas são em sua maioria voltadas para a prestação de serviços, então talvez você não se identifique com todas elas.

Tratam-se de aprendizados que pautam minha conduta, muitos dos quais derivam dos meus próprios erros ou erros alheios (observar e aprender com os erros alheios, aliás, é uma excelente virtude).

Sem mais delongas, vamos lá:

1 - Firmarás contrato em toda e qualquer ocasião

Quando surgir um novo cliente, controle sua empolgação e sua vontade de impressionar, e só comece os trabalhos depois que a pessoa firmar o contrato contigo.
Madruga, acabei de montar uma empresa e fui procurado pela maior construtora do Estado para fazer o planejamento tributário de um Shopping Center que eles vão construir! Acordamos em reunião que minha remuneração seria de R$ 500.000,00. A sintonia com a construtora está excelente, eles dizem o tempo inteiro que nossa parceria será para a vida toda, e isso significa que ficarei milionário muito em breve! Só esse planejamento do Shopping gerará uma economia tributária de 10 milhões de dilmas, não é a toa que o presidente da construtora está me tratando como um filho toda vez que nos reunimos!
O contrato de prestação de serviços está devidamente assinado pela construtora? Se sim, meus parabéns. Se não, fique você sabendo que na hora de usufruir de um serviço muitos clientes te tratam como um semi-deus, mas na hora de tirar dinheiro do bolso para te pagar a história muda um pouco...

Pode ser que, já gozando da economia tributária de 10 milhões de reais, o presidente da construtora te mande uma cartinha falando que o cheque de R$ 30 mil correspondentes a prestação de seu serviço já está à sua disposição no financeiro da empresa...

E quando você toma no cu dessa forma, sem um contrato devidamente formalizado, só lhe resta chorar o leite derramado ou recorrer ao Judiciário (um órgão administrado em sua maioria por pessoas descompromissadas, desinteressadas e desprovidas de competência para captar 1% da complexidade do serviço que você prestou). Em 2030 a justiça será ou não feita e talvez você receba o seu dinheiro...

A reação do dono da construtora quando você vai cobrar sua remuneração sem um contrato assinado e depois que o serviço foi prestado.
Madruga, o padrinho de casamento do meu sócio nos procurou para que nós formalizemos uma parceria imobiliária entre a construtora dele e uma das maiores loteadoras do Brasil. Combinamos em reunião que a remuneração da minha empresa será de R$ 500 mil. Tá tranquilo?
Assinou contrato? Não? Não comece a trabalhar até que esteja assinado.

A excelente relação entre seu sócio e o padrinho de casamento dele não substituem um contrato assinado.

Pode ser que, depois que você já garantiu a segurança do cliente em uma parceria imobiliária de meio bilhão de reais, ele se aproveite do fato de que não há um contrato assinado para resolver que não quer tirar quinhentos mil reais do bolso para te pagar.

Que opções você tem? Isso mesmo, mais um processo judicial para a sua coleção, onde a mesma pessoa que te idolatrou enquanto você prestava o serviço vai dizer em juízo que seu serviço foi uma mera "revisão de contrato" e que para tanto R$ 500 mil reais de remuneração supostamente combinados é um exagero. 
Madruga, meu cliente de longa data encontrou um comprador para uma das fazendas dele. A fazenda será vendida por R$ 60 milhões e ele me procurou para que eu faça o contrato de compra e venda com um planejamento tributário. É urgente, madruga, urgentíssimo, pois o cliente quer essa venda formalizada o mais rápido possível. Combinamos que minha remuneração será de R$ 300.000,00, portanto estou trabalhando dia e noite para entregar o contrato/planejamento na quinta-feira!
Legal, meu caro, mas não se deixe levar pela euforia alheia ou pela oportunidade que é "pegar ou largar". Pare, respire, elabore seu contrato de prestação de serviço e bote o seu cliente para assinar.

Faça isso ou pode ser que, depois que você fez todo o trabalho, o comprador da fazenda desista da compra aos 45 do segundo tempo e seu querido cliente de longa data entenda que ele não tem que te pagar os R$ 300 mil pois "ele não conseguiu vender a fazenda, no fim das contas", como se isso de alguma forma bizarra anulasse o fato de que seu trabalho foi integralmente feito. 

Moral da história

As situações narradas acima foram casos reais sentidos na pele por este Madruga que vos escreve, inclusive no que tange aos valores envolvidos.

Qual a moral da história, então? "Partir do pressuposto de que todo cliente é um caloteiro em potencial", você pode estar pensando. 

De forma alguma!

A verdadeira lição é: o contrato de prestação de serviços não é um instrumento de desconfiança entre as partes, mas sim de segurança (principalmente pra você, meu caro). Não há relação de amor, amizade, confiança ou situação de urgência que substitua um contrato assinado. 

Se seu trabalho é garantir a segurança dos outros, não se deixe permitir que você mesmo trabalhe numa situação de insegurança.

Não permita que, após você desenvolver todo o seu trabalho, a pessoa que usufruiu do serviço decida se vai honrar ou desonrar o que foi combinado. Como eu disse, na hora de tomar o serviço é só amores, mas na hora de pagar muita gente pensa duas vezes.

Cobrar um inadimplente com contrato assinado já é demorado, posso te garantir que cobrar um inadimplente sem um contrato assinado é o sinônimo de calvário judicial. 

Por hoje é só. Tenho que ir trabalhar. Outras dicas em breve.

Um abraço! 



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