Na sexta feira as pessoas no meu trabalho faziam planos e mais planos para o carnaval. A maioria irá viajar. Perdão, todos irão viajar.
Em São Paulo a classe média alta e ricos viajam. Ninguém quer saber do ridículo desfile das antipáticas escolas de samba da cidade em que só as comunidades pobres e as 2 torcidas das organizadas se importam. Nem mesmo as presença da panicat Juju Salimeni (a musa da comunidade dos blogueiros de finanças do Brasil) com o menor tapa sexo já visto anima a elite bandeirante.
A maioria irá para os carnavais do nordeste e RJ e a outra parte para o interior do estado ou do país. O que importa é que isto tem um gasto, e ele é alto.
É alto pois tudo fica mais caro nesta época já potencializada pelo próprio verão (alta temporada). Para os jovens do meu trabalho (trainees a coordenadores e alguns gerentes) que vão dos 18 a 30 anos o nordeste foi a opção. Salvador, Recife/Olinda estarão recebendo eles. Passagem de avião? 500 a 1300 dependendo da época e se vai levar alguém, só um trecho ou dois. Hotel em Salvador? Bom pelo que eles estavam falando de 1.500 a 4.000. Alguns idiotas estão pagando 1.000 por dia.
Junte as cachaças, pizza hut e mcdonald’s, red bull, lembranças, emergências e temos aí de no mínimo 3.500 a 7.000 reais de gastos. É alto pois paulista não fica em hotel fraco e não faz festa fraca. Quem é daqui sabe que quem joga pesado no país somos nós em termos de dinheiro.
Os que vão pro interior que são muitos casados (gerentes sênior e diretores) irão gastar também muito. Vinho, presentes pra mulher, filho, gasolina, hotel em termas, restaurante dia e noite, o gasto é alto também. Esse pessoal faz forte network ou visita famílias e a competição é alta por status para vencerem o marido da rival da esposa então os caras metem a mão no bolso e vão forte noite adentro em restaurantes bebendo vinhos e whyskies caros.
E os pobretões de vida ruim? Eu ficarei em São Paulo mesmo. Pessoal quis que eu fosse para Salvador mas eu recusei dando desculpas de que tinha uma parente doente. Olha o nível que chego para evitar destruir minhas finanças. Mas colou.
Eu ficarei em São Paulo e irei todos os dias no bar do meu amigo beber bastante para afogar a tristeza da solidão olhando os vidros e concretos desta cidade poluída, feia e depressiva. Ele irá fazer um bloco vagabundo em que iremos com nossas camisas ridículas de 15 reais de poliester fazer que somos felizes dando a volta na quadra e depois voltando ao bar, sentando e contemplando na televisão o lindo mundo dos ricos nos camarotes cheios de ricos da Brahma do RJ e Salvador.
Obviamente meus gastos serão baixos. Vou gastar, de acordo com meu orçamento pessoal, 150 reais. Este é o direito que tenho. É o suficiente para bebidas.
Enquanto isso meus colegas irão voltar 7.000 reais mais pobres ou irão pagar durante o ano a diversão. Voltarão com casos de amor, vômito, bebedeiras, risos e mais experiências, mais ainda sim mais pobres. E eu estarei mais rico financeiramente e num valor nada baixo.
O caminho para a riqueza através da frugalidade extrema para fugir da humilhação e da exploração diária do trabalho é árduo e difícil.
Pois se agora eu assisto os ricos e a Juju Salimeni pela televisão é para um dia estar do lado deles curtindo de igual para igual enquanto observo no chão a alegria momentânea de 7.000 reais parcelada dos meus próprios conterrâneos.