Estava eu a verificar a projeção pro final do mês para ver em quanto tempo chego nos 400.000 reais logo para eu ter finalmente segurança de botar o plano FGTS num modo mais avançado e agressivo quando uma série de gastos inesperados malditos começaram a arruinar todo meu planejamento. Isso porque este mês eu segurei TODOS os gastos, ficando em casa, não comendo puta, negando saídas com a minha ficante ou só vendo filmes no meu humilde apartamento.
Este mês eu ia comprar várias coisas legais pra mim e pra minha moradia, estava empolgado pra visitar uns lugares legais mas pensei que o mês de março por ser longo e porque eu tô tão perto dos 400.000 e talvez consiga já em maio esta marca (eu vou receber bônus anual em abril) que decidi que ia ser um aporte e resultado histórico. Também mudei meus investimentos pra uma renda fixa ainda melhor que eu estava. Tudo planejado corretamente.
Eis que vem uma miríade de gastos, emergência em família, várias coisas não recorrentes que me deixaram desanimado pra valer. E revelou um cansaço mental que eu não tinha percebido.
Do ponto de vista psicológico aportar gera coisas boas e ruins. A boa é aquela maravilhosa sensação de ver um bom resultado final do mês e ver sua grana crescendo. Você sente uma coisa boa de ter cumprido um objetivo e isso libera dopaminas gostosas e faz você ficar mais motivado. Do outro, há um cansaço de longo prazo advindo da força mental, da força de vontade que você usa do seu cérebro (lembrando, força de vontade é limitada como já ensinei aqui) que vai acabando ou sendo usado de forma dura pois resistir às tentações de consumo e do marketing combinadas com a natural comparação humana com seu círculo social e você vai ficando um pouco cansado de não poder fazer parte do maravilhosa e enganador mundo do consumismo.
Meu salário é muito bom, eu o considero do ponto de vista da média brasileira. O blog tem 4 anos mas comecei antes a aportar e fiquei pensando, enquanto calculava as projeções e veio todos os gastos lixos, que meu salário era baixo, meu aporte pífio e a sensação era de que não tinha dinheiro pra nada. Mais de meia década depois e a sensação é simplesmente a mesma: De que eu não gasto com nada pra mim nem faço nada nessa merda de vida e tenho um patrimônio risível de meros 368 mil reais que não dá nem pra limpar a bunda (com 400k já fica menos feio).
Outra coisa que é foda é que o aporte só vem final do mês então você vive sua vida por dois momentos: Os finais de semana e o fim do mês quando recebe salário. Isso torna sua vida bizarra pois cada mês que passa são momentos da sua vida que passam e você nunca terá mais de volta.
A única forma do aporte não causar cansaço pelo que já percebi advêm de como você vive sua semana e seu mês. E a melhor forma são as seguintes condições:
- O intervalo de aporte não ser apenas fixo mas ter bandas: Mínimo: 40%, objetivo: 55%, Teto 65%. O teto é pra você poder usar o que passar pra curtir caso queira e não fique querendo ultrapassar porque gera cansaço mental. Seu foco claro é sempre o objetivo mas a banda mínima faz com o que o psicológico não sofra por ela nao ser batida
- Fazer sexo durante a semana. Aqui é comer putas ou sua namorada porque dá uma ajuda.
- Fazer algo diferente na semana. Aqui é ir num lugar diferente nem que seja ir no buteco tomar apenas uma garrafa de breja, ou seu hobbie (dança, arte marcial) pra sentir-se desenvolvendo sua vida fora do trabalho
- Sair no horário do trabalho. Quando você faz muita hora extra seu mês fica maior e mais longo psicologicamente porque o tempo dentro do emprego anda mais lento que fora dele o que é óbvio pois trabalho é sofrimento e opressão pro seu cérebro.
- Todo mês comprar um item que você planejou comprar que seja relativamente barato mas útil. Sentir que você gasta sua grana ajuda no psicológico.
- Fim de semana não ficar só preso em casa ou se ficar tente socializar em algum momento da sexta até o domingo porque não socializar deixa seu cérebro com péssimas sensações e ficar muito sozinho prejudica sua saúde, prejudica sua força de vontade.
Neste mês de março eu cometi o erro de não socializar e segurar todos os gastos ficando enfurnado em casa contrário exceto pelos hobbies (dança e fiz o procedimento na pele do rosto). Eu não saí, não socializei direito e fiquei segurando tentações consumistas simples pequenas (tipo 5 reais tal) até que no fim do mês veio uma barragem de gastos que fez todo meu esforço ser em vão. Meu psicológico, óbvio que sofreu.
O pobretão way of life não pode ser sofrimento puro, ele tem que ser uma jornada com sacrifício sim mas não podemos ser também mártires. Vamos ser fortes e idealistas pelo milhão mas não virarmos enclausurados na nossa bolha.
Finalmente, toda vez que eu meto essas metas aleatórias pra mim (hurr durr tenho que chegar nos 400.000) ou chego perto de algum número cabalístico no sentido de número arredondados (400.000, 450.000, 500.000) eu fico bitolado e deixo minha vida pessoal e psicológico sofrerem ao meter todo o sacrifício em prol daquilo.
Eu tô ficando velho a cada dia que passa. Eu melhorei muito e vivo mais a vida com certeza e sou muito mais centrado graças aos aprendizados com os amigos do blog mas mesmo eu, o mestre da frugalidade e criador do pobretão way of life sofre no balanceamento da equação aporte – gastos – viver a vida.
Não desanimes pois os carpes diem estão logo ali à nossa espreita
E você, conte-me, como é seu psicológico durante o mês em relação ao seus aportes?
Forte abraço!