A resposta é não, não é possível. No meu caso e dos pobretões do Brasil não é.
Antes que joguem pedras e deêm exemplos que só me fazem me sentir pior (que pega todas as gatinhas mesmo pobre e é feliz não tendo nada na vida) eu vou mostrar com a minha vida como não é possível curtir a vida aportando altos valores do salário.
Eu odeio meu trabalho. Não só meu trabalho mas todo tipo de trabalho em que você é mandado e cumpre horários. Os horários terríveis que eu faço me deixam um cara cansado e sem vida pessoal. Portanto eu decidi aportar altos valores do meu salário (R$ 2.600 de aporte mensal para os que acompanham) para fugir da canalhice das corporações privadas brasileiras.
Agora pense: Se eu aporto quase todo meu salário ridículo em que até analista júnior trainee arrogante ganha sem a habilidade e experiência que eu tenho e os meus horários são terríveis como é possível curtir a vida???
Aporte alto + carga de trabalho enorme = Vida ruim até ser milionário e sair do trabalho.
Não tem essa de que é possível curtir sem grana. Onde se vai em São Paulo gastando pouco? Se você ganha mal e aporta alto você fica sem dinheiro pra fazer NADA. Qual seu hobbie? Filmes? Cinema em São Paulo você acha que gasta quanto? Gosta de rock, pagode, sertanejo? Quanto você acha que é a casa de show em São Paulo? É fã da Madonna, U2, Linkin Park, Air suply, qualquer coisa insuportável que você goste, quanto acha que é um show? Quanto você acha que é um plano trimestral de academia ou arte marcial em São Paulo? Quanto você acha que é um restaurante em São Paulo? Hein? Ou quanto é a ida pro litoral sul do estado? Barato claro, locomoção, comida, compras.
O dinheiro do meu orçamento destinado para lazer permite que eu faça algumas coisas que são ir ao bar do meu amigo no sábado e ás vezes no domingo (lembrem-se que segunda é preciso trabalhar, ou seja, o inferno volta) onde eu tomo altas quantidades de alcool para esquecer da vida e me sentir feliz. E de fato nestes momentos sou. Também serve para contratar serviços de mulheres você sabe o que. Tem mês que nem faço isso. Só.
O outro problema é o horário. De segunda a sexta das 6 ás 19:30 ou 20:00 a minha vida está preenchida com o tridente de satã no meu pescoço, ou seja, o trabalho maçante, cruel, explorador e sem sentido da iniciativa privada brasileira comandada pelos gerentes mais incapazes, anti-éticos, problemáticos e incompetentes que o mundo já viu. Sobra quanto tempo de noite pra fazer o que? 2 horas até dar ás 22:00 que é a hora do nenê ir pra cama pois amanhã seu dono (a empresa) quer sua alma de novo por 14 horas. Neste tempo eu não faço nada. Academia iria me cansar ainda mais, desmotivação pra fazer, pra sair. Imagina só sair, querer tomar algumas mas vai ficar tão cansado que seu dia seguinte será improdutivo e ainda pior do que já é.
Sobram então sexta a noite, sábado e começo de domingo. Quem não tem dinheiro já fica complicado o que fazer no tempo livre. Sexta a noite o cara pode se acabar na balada, sabado ir pra praia e domingo descansar. É pouco. Muito pouco pra o que a vida oferece. É pouco pro potencial que deus nos criou. Pro lazer que o homem criou. Balada são 4 horas de bebedeira a caça de mulheres. Tá bom, é legal mas é pouco tempo. Sábado é praia ou restaurante ou bar. É pouco. É pequeno. Domingo, bom, futebol. 2 horas de esquecimento da vida. Esta é a vida de um playboy que trabalha, então se a dele já é repetitiva imagina a de que não tem grana?
Portanto, a solução é que seu salário seja alto pois aí é possível aportar alto e ao mesmo tempo a grana destinada a lazer também será alta sem comprometer a chegada no primeiro milhão. Quem ganha 6.000 reais e mora com os pais, pode destinar 3.500 pra aporte e 2.500 pra aproveitar a vida. Nada mal.
Bom, aqui do lado a televisão anuncia Faustão. É agora que a depressão bate forte. Terminou o banho de sol. Logo estarei de volta ao tridente de satã…