A dura realidade do homem jovem pobre feio no carnaval
Picture by my friend and supporter: Bob Sacamano
Se você quer ler posts de carnaval dos dois anos anteriores leia aqui 2012 e aqui 2013. Em 2012 eu falei como meu orçamento era de 150 reais para o carnaval (beber) e como meus colegas de trabalho do antigo trabalho iriam viajar para várias cidades e estavam todos empolgados.
O post de carnaval deste ano vai desmascarar o mito da diversão do carnaval. Apenas dois grupos de pessoas são beneficiados pela folia carnavalesca em se tratando de curtir a festa em si: Homens ricos (alfas financeiros) e homens bonitões (alfas físicos/genéticos) e as mulheres de todas as idades, corpos e beleza. Quem perde: O homem feio pobre e beta.
O carnaval do homem beta pobre e feio é assim: Em grupo de amigos ou no mínimo dupla, eles começam a programar as viagens mais emocionantes. São semanas de preparação, um liga pra um, outro liga pra um, emails, qual cidade ir? Qual camarote? Qual bloco? Começa um disse me disse “ah esse meu amigo falou que é bom”, “ah esse dá muita mulher”, “ah esse é das perversas”, e a emoção vai tomando conta do homem jovem pobre feio beta (JPFB). Ele mal pode conter sua emoção de que irá ver mulheres lindas, sedentas por beijos, sexo, se jogando nele, seus parceiros perto, música, curtição, ai que legal vai ser!
Vai chegando dia da viagem, o héroi pobretão feio compra novas bermudinhas, chinelinho novo, mochila, vai preparando a mala em antecipação ao dia. São 7 amigos, uau que viagem. Chega o dia da viagem seja pra onde for (Rio de Janeiro, Olinda, Recife, Ouro Preto, Diamantina, Salvador, etc) e os amigos estão no aeroporto e falam alto, se cumprimentam com tapas fortes, risadas, gritos, só alegria, a viagem da vida chegou.
Chegando no local, todos se acomodam no hotel/pousada/casa e logo as festividades começam, da-lhe cerveja, vodka com energético e cada mulher que passa é “uowwwww você viu mano, que gata uowwwww, mano que gata, que mina linda, mano que mina da hora, mano que mina você viu tá ligado? pooooo da hora, que vacilo você não viu poooo mano, meu você é vacilão, meuuuu poooo”. Alguns do grupo tentam mexer com algumas que passam, chamam, pegam na mão, se declaram de brincadeira, tudo esquentando enquanto chegam no local onde rola a curtição.
Chegando no local onde vai rolar o desfile ou é a concentração e o JPFB toma um susto pela quantidade de homens. Mas não é só isso. Há vários alfas físicos no local sem camisa. Normalmente com bermuda e sem camisa com óculos éscuro eles tem os músculos à mostra com direito a abdominais aparentes, braços grandes e boa altura. São intimidadores de alguma forma e até mais altos que o JPFB. O baque inicial é logo rechaçado claro afinal os parceiros estão felizes e querem curtir. Apesar dos alfas físicos entricheirados em diversos locais em rodinhas é preciso passar por eles e ir circulando pelo local ou ir desfilando conforme o bloco anda.
Você não tem chance de competir com este tipo de altura ou corpo
As mulheres, ah as mulheres, nossa quantas coxudas, quantas morenas, loiras, quantas delícias, quantas coisas que maravilham o JPFB que casaria com qualquer uma que aparecesse de tão perfeitas que são! Porém uma coisa começa a não fechar: A arrogância, a atitude de “o mundo é meu, eu sou foda e você é invisível” é parecida com aquela de quem está na cidade grande no seu dia a dia. O JPFB tenta tirar isso da cabeça rapidamente afinal, é carnaval, propagandas de camisinha por todo lado, vídeos de pegação, histórias incríveis de putaria dos amigos, ora carnaval elas tem que estar liberadas, fáceis, simpáticas náo é? Ah, deixa eu beber mais aqui tô sendo chato.
O sol forte de verão é firme e forte nas cabeças, a cerveja começa a pegar, o desfile, bloco, camarote bomba com músicas de axé e marchinhas, alfas físicos desfilam com alegria e tranquilidade e iniciam seus ataques mortais sobre as mais gostosas, normalmente as loiras altas são logo as primeiras a serem abatidas pelos alfas, seguido das loiras e morenas mais baixinhas de pernas torneadas, as loiras medianas são pegas e as morenas sem graça medianas normais (cabelo preto, pele branca, sem graça) também são abatidas porém o alfa pega, beija e logo sai pra curtir mais. Sua boca já está impregnada de saliva, ele já a carimbou como um lixo que ele apenas pega e joga fora.
O JPFB assiste tudo aquilo e começa a ficar preocupado pois ele pensou que no carnaval as MULHERES teriam mais atitude, olhariam pra ele pra dar brechas, tocariam nele, sorririam pra ele, brincariam com ele, puxariam assunto, esbarrariam nele. Não, nada acontece, parece que ele está numa balada normal com as mulheres sendo sempre as mesmas arrogantes, estúpidas, passivas, inúteis com cara de merda observando de canto de olho algum alfa físico pra ver se ele vai chegar nela. Ele assiste seus amigos iniciando movimentos de dar em cima pois a coisa tá feia e os mais bonitos do grupo começam a se demorar na conversa com algumas mulheres meio que quase conseguindo sucesso.
É, é melhor eu dar em cima… começa a olhar, olhar e aí, quem dou em cima? As mais gatas estão com alfas e as que sobram estão com caras de poucos amigos claramente esperando outros alfas chegarem. As medianas já se irritam com a falta de alfas físicos para pegá-las e sobra ele, mediano pobre feinho de bom coração, legal, esforçado. Hora de tentar, primeira tentativa, e a amiga a salva de você rapidamente. Nossa.. a vergonha bate e você disfarça. Você vai com um amigo tentar ir juntos em algum grupo, ele te chama, você vai de escudeiro e ele consegue engatar conversa mas a amiga não vai com sua cara e você fica com cara de bunda com aquele famoso, famigerado e terrível silêncio diante de uma mulher em que ela olha pro horizonte e tudo o que você fala ela responde “sim, não, talvez” de forma humilhante. Você é o mendigo plebeu ela a rica patrícia. Você é o súdito perdedor sem valor na sociedade, ela a vagina de ouro vencedora perfeita. Você pedinte ridículo mendigando beijos na boca, ela a dona do passaporte do seu respeito e guarda real dos portões do tão desejado carinho, cheiro e toque feminino. E você foi barrado. Ela te acha um merda por ser simplesmente homem e não ser bonito. Ela é respeitada automaticamente na sociedade simplesmente por existir. É muito abismo entre vocês. Melhor cortar as perdas de sua frágil auto-estima e se retirar.
Jovem pobre feio beta tentando pegar uma submediana nota 4/10 e recebendo cara de nojo no carnaval de Ouro Preto. Vejam o cabelinho curtinho, rosto oval e o físico franzinho e sem graça dele que não impõe respeito ou causa tesão em nenhuma delas.
A noite chega, continua firme, a música não para, o alcool não para de entrar no seu corpo e fluir no seu sangue e cérebro, você tenta as bêbadas, as amigas e amiguxos a salvam de você, terrível. Os amigos alfas seus se deram bem e não param de beijar alguma que foi com a cara dele (leia-se aqui, permitiram que ele ficasse com ela). Seu cansaço é enorme. Eu nem curto axé! Eu nem curto marchinhas! Eu só canto porque estou bêbado! Eu gastei 7.000 reais nisso e não consigo pegar ninguém, nenhuma mulher me olha, elas continuam a mesmas bruxas arrogantes cruéis demoníacas da cidade grande que se acham perfeitas por terem um buraco entre as pernas e nós homens lixo e a causa do mal do mundo.
Os dias seguem e você volta pro seu local pra dormir. Você vê casais formados se amassando nas ruas. Você vê mulheres lindas voltando sozinhas (!) com suas amigas com cara de cu nem aí pra você. Gente comendo nas calçadas nem aí pra você. Gente cantando feliz (talvez sejam ricas e não tenham um emprego ruim ridículo como o do JPFB). Seus pés doem, a dor mental do álcool é enorme. Você chega no quarto e vai dormir sozinho. Todas aquelas imagens de gostosas vem na cabeça. Nem uma punheta dá pra bater porque vocês está dividindo quarto com seus “parceiros”.
Acorda-se de ressaca violenta. Seus amigos estão animados (quem pegou) quem não pegou fica meio assim mas a bebida logo vai rolar, tem mais festa hoje. Nada muda. A arrogância das mulheres é a mesma. O gosto da cerveja é o mesmo. As músicas a mesma. O sol é o mesmo. 7.000 reais. Toda aquela expectativa. Tá conheci uma cidade legal. Tá conheci o carnaval desta cidade. Tá fiz uma experiência legal. Valeu a pena? Será mesmo? Será mesmo que esse dinheiro vai valer a pena? Pra tentar beijar na boca de uma arrogante nojenta cretina imunda que se acha do sexo superior por uma vagina que eu não tenho? Pra postar fotos no face? Pra contar em barzinhos a história de como fui pra carnaval da cidade X pros outros e me achar fodão?
A foto que resume o carnaval: Uma mulher feliz, se exibindo, sorrindo, contente e milhões de homens betas se rendendo aos seus encantos, submetendo-se como servos aos seus caprichos. De fato é a foto da sociedade atual.
O jovem pobre feio beta assistiu na verdade, de camarote, nada mais que a sociedade de hoje em alguns dias: o sexo feminino de todas as cores, raças, pesos, classes sociais sendo curradas, beijadas, dominadas, conquistadas por um grupo de alfas físicos/ricos. A sociedade resumida em um local, em um evento, em um dia. E isso só tende a se intensificar. A sociedade atual é o feminismo em ação, a hipergamia feminina em ação. Hipergamia é a necessidade feminina de um macho melhor à todo momento. Mais alto, mais forte, mais rico, mais dominante, mais poderoso, mais tudo. A hipergamia é a norma. Alfas e mulheres os novos dominadores da terra e o carnaval é onde eles se liberam pra isso.
Sim, alguns medianos irão beijar mas muitos serão à força (sim à força), ou na sorte ou submedianas. Sim alguns feios conseguirão sexo! Porém algumas considerações: 1- Serão uma minoria. 2- O número de beijos dados/sexo conseguidos pelo que gastou para a viagem será menor que se não tivesse viajado e comido putas de flat (que dão sexo de qualidade). 3- Os beijos não serão em mulheres tops 8/10 e o sexo muito certamente de 6/10 pra baixo. Muitos mentirão pra si mesmo que não vão pra carnaval “por mulher” e sim pra “zoar com os camaradas”. Mentira. Muitos vão porque não querem ser excluídos do grupo social à qual pertencem onde terão que ouvir histórias que ele não participou, vai ficar mal visto entre os alfas do grupo social, vão achá-lo pobretão, vão achá-lo nerd chato anti-social.
O carnaval é uma farsa feita pelos alfas lucrarem em cima dos betas e das mulheres poderem liberar sua buceta e boca livremente para alfas físicos. Como estes não dão conta de tanta mulher top e mediana, muitas TAMBÉM voltam do carnaval sem beijar ou transar pois SE RECUSAM a conhecer um homem.
Eu gosto do carnaval pela razão que tem feriado e qualquer coisa que me faça estar longe do trabalho é bom por isso adoro quando chega. Mas não me engano que “este ano será diferente”. Sei que se eu saísse em algum bloco ou viajasse eu seria duramente destruído pelas mulheres e meu patrimônio diminuído à toa. Tô até pensando em sair em bloco em SP pois isso tá virando moda por aqui mas ainda não sei.
Não sei se quero ver de camarote o showzinho dos alfas físicos e de suas concubinas imundas na minha frente. Não sei se quero dar em cima do sexo que me vê como inimigo natural por ser um homem normal, pobre e trabalhador.
“Mamãe eu quero” é o caralho!
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